
Amigos é um dos pontos chaves para quem quer sobreviver essa loucura a bordo. São pessoas que fazem você se sentir mais seguro, confiante e segura na sua mão quando você pensa em desistir, são pessoas que saem para dá um rolé nos portos, vão as compras e aguenta a demora das escolhas, vão a sua cabine quando você está sozinho ou quando vc está doente, realizam as festinhas banhadas de mafias e até chora quando mais se precisa, se tornam parte de sua família. Fui premiado com amigos que sempre me fizeram feliz.
Uma das primeiras foi minha Pretinha Linda de São Paulo, Joseli, a Assistant Waitress que todos gostavam pela alegria e ousadia, mexia e falava com todos, saía pela galey tagarelando: - Allora .... , -Saravanah fala comigo.... o povo tinha ciumes de mim, achavam até que eramos namorados. A Argentina se tornou pequena para nós.

Outra que passei a amar, a Thayanna que por sorte da vida acabou sendo minha cabin mete, (mas isso através de mafia que depois falarei), uma fisioterapeuta na cozinha que conhecia todo mundo do navio, uma verdadeira mineira, chegava quietinha e comia pelas beiradas e assim conquistou a todos. Como dividíamos a cabine, os resumos do dia eram temas de nossas conversas no fim da noite, saímos juntos pra trabalhar e todos os lugares estavamos juntos, tipo irmaõs mesmo, até nas linhas de montagem estavamos juntos e sempre conversando e por sinal muitoooooo!!!!! Quando essa criatura foi embora choreiiiiiiiiiiiiiii muitooooooo, todo momento que alguém falava dela uma lagrima caía.

A Cecília, foi a amizade meteórica, começou rápido e logo foi embora, era uma amizade cabeça, nossas conversas eram mais maduras e o vinculo de amizade se fortaleceu muito até que ela decidiu ir embora por conseguir uma proposta melhor em terra, senti muita falta das saídas em Bari para os caffés, lembro das cervejas de limão que ganhamos e nos divertimos muito nas festas na cabine.

O Anderson foi um dos meus cabin metes, a amizade começou desde quando chegou e começou as ameaças de sign off. Era todos os dias essa mesma musica até que um dia foi pra valer, elechegou na cozinha com um papel para o chef assinar e cheguei do lado dele e vi que era verdade,corri atras da Thay e tentamos impedir mas não conseguimos foi nesse momento que chorei na frente de todo mundo eram 2 grandes amigos que estavam indo embora no mesmo dia, a Thay e ele, o que deu a partida ao sofrimento. Lembro do dia que estava em brata que todos os cooks foram ajudar a terminar a produção, foi um dos momentos que a amizade se demonstrou com maior intensidade em pró de um amigo. Achei bem bacana ajudar esse chato e ciumento que adoro tanto!!!!


Outro vinculo forte foi com Thalita, a guerreira que tomei como exemplo na vida, amiga e irmã que foi até o fim comigo. Uma pessoa muito tímida que conquistou todos da cozinha, a assistent que os cook amavam e chamava para passar os pratos na frente de todos, morria de vergonha disso, mas todos insistiam e ela pegava, nunca uma pessoa foi tão querida ao ponto de fazer isso. Estava na linha de Risoto e um cook ao lado perguntava quantas pastas tinham e eu como volante pegava os espaguetes de bolonhesa de uma linha bem distante e dali ela saia com todos os pratos, era uma loucura fazer isso, mas a cozinha parava, kkkkkkkk olha que quem fazia isso não eram paisanos!!!! A todos os momentos estávamos juntos, era na Italia nos lunch off, em Atenas, visitando Acropoli, indo almoçar ou nas compras no shopping do navio e a todo momento um abraço, que fortalecia as energias que precisávamos para trabalhar. Quando eu estava para ir embora fui pedir ao chef para me deixar ficar mais duas semanas para ir junto a ela, mas infelizmente a Cia não permitiu e no dia do meu desembarque choramos muitooo, como se estivemos num velório, trocamos nossos amuletos de fé e nos separamos com uma missão reservada para o próximo ano: visitar juntos a Basílica de Nossa Senhora em São Paulo, para agradecer as graças alcançadas.
Pessoas como as assistent, Paloma, Denise, Fabiana, Karolita me presenteava com os abraços diários mais invejado de toda nave , uma troca de energia boa que fazia nossa vida abordo mais tranquila, pq acalmava tudo no nosso coração. Era tão invejado que após isso todos os amigos indianos me caçavam na cozinha em busca desse abraço. Eu era uma pessoa bem cotada para esses abraço e se não desse era pego a força pra dá, veja só!!!!

E o abraço dava em todo mundo, acho que quando começou a espalhar o boato do abraço e o povo começou a correr atras de minha, até meu cappo Filipino abria os braços e dizia quando estava estressado: - give me an huggggg!!!!!!!

Fiz amizades com Filipinos e Indianos, com Italianos e Peruanos, mas os marcantes foram o Kamal um indiano de coração maravilhoso e inocente e o Italiano Gianpietro, um irmão que dividimos 6 meses a mesma estação com muitas brigas e muito companheirismo, igualzinho a irmãos de verdade.
A amizade foi minha fortaleza lá dentro e o que permitiu que chegasse até o fim. O engraçado disso tudo que nunca fui de chorar, sempre fui muito frio nas reações mas acho que o confinamento me deixou sensível.


Amooooo meu amigossss !!!!
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