Bem, essa temporada
foi marcada por muito trabalho, (falando assim até parece que tivemos momentos
de relax), por descobrimentos e
alegrias. Os colegas mais ”experientes” sempre falavam que a brata maior era no Brasil e com a chegada na
Europa ficaríamos mais relax, pois os cidadãos europeus são “civilizados e
pontuais”, o que animava a galera querer chegar logo nesse nível de “good life”.
No Brasil tivemos os pontos negativos muito intensos, pois
os hospedes brasileiros comiam muito, repetiam os pratos e não respeitavam os
horários de fechamento dos restaurantes isso deixando os assistente em brata e
consequentemente os cozinheiros também
essa vibe, resumindo, falta de organização que deixavam todos alem do horário,
o que irritava a todos.
No carnaval foi um dos exemplos que nos envergonhou
bastante. Com a venda de muitos pacotes com all incluse (inclusão de bebida
alcoólica) e com over night no carnaval de Salvador, o número de hospedes mais
jovens foi maciço e isso acarretou em quebra de espreguiçadeiras e
cadeiras da área da piscina, desrespeito
a tripulação (como pegaram um colega e jogaram dentro da piscina) e chegar para jantar pensando que estavam no bar, na
beira da piscina, somente de sunga ou extremamente bêbado solicitando os pratos
demorando mais que deviam por estar bebendo parecendo que o mundo iria acabar naquele momento. Sei que
as explosões de alegria pelo período são intensos, mas desrespeitar quem estava
trabalhando é fogo.
Fora essa falta de elegância, a experiência pra mim foi bem
mais aproveitada do que na Europa, não pelas descobertas de um mundo novo, mas
pelo calor humano mais intenso, do sorriso gostoso que recebíamos e pela
energia de quem realmente tem um coração dentro de si.




Essa temporada pra mim também foi marcada pelas horas extras
com o “jantar da meia noite, as delícias do chef”, um oferecimento do chef nas noites de Gala de despedida. Após meu
expediente normal de 13 h no dia, um dos
sous chef sempre me chamava para essa hora extra no Buffet, não sei se me
achava com cara de “bestalhado” ou se era o sorriso e a tranquilidade que fazia
o nobre cidadão me escolher sempre. Todos os convocados para essa noite faziam
o revezamento, mas o único fixo era o bunitoooo aqui. No inicio não gostava, perdia minhas horas de
descanso, perdia as festas no crew bar pela metade e única coisa que ganhava
era o direito de chegar uma hora mais tarde na manhã seguinte (boa porra!!!),
mas depois fui me acostumando, chegava
na cabine correndo,tomava banho, colocava uma dólmã limpa e a calça
branca de gala, perfume e corria para o 9º andar, Lido. Chegando lá ajudava o
fim da arrumação e preparava o sorriso, ali esquecia as dores e dos estresses
do dia, ouvia os agradecimentos dos hospedes pelo trabalho e ajudava a escolha
das melhores sobremesas do dia. Era uma linha só de doces, tortas e quitutes,
sempre com bolos gigantes decorados com o tema do cruzeiro, isso durava somente
uma hora de serviço e ao final tinha que separar e descer para a refrigeração
dos selecionados. Sofrimento.
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