sábado, 29 de novembro de 2014

Temporada Brasileira



 Bem, essa temporada foi marcada por muito trabalho, (falando assim até parece que tivemos momentos de relax), por descobrimentos  e alegrias. Os colegas mais ”experientes” sempre falavam que  a brata maior era no Brasil e com a chegada na Europa ficaríamos mais relax, pois os cidadãos europeus são “civilizados e pontuais”, o que animava a galera querer chegar logo nesse nível de “good life”.
No Brasil tivemos os pontos negativos muito intensos, pois os hospedes brasileiros comiam muito, repetiam os pratos e não respeitavam os horários de fechamento dos restaurantes isso deixando os assistente em brata e consequentemente  os cozinheiros também essa vibe, resumindo, falta de organização que deixavam todos alem do horário, o que irritava a todos.
No carnaval foi um dos exemplos que nos envergonhou bastante. Com a venda de muitos pacotes com all incluse (inclusão de bebida alcoólica) e com over night no carnaval de Salvador, o número de hospedes mais jovens foi maciço e isso acarretou em quebra de espreguiçadeiras e cadeiras  da área da piscina, desrespeito a tripulação (como pegaram um colega e jogaram dentro  da piscina) e chegar  para jantar pensando que estavam no bar, na beira da piscina, somente de sunga ou extremamente bêbado solicitando os pratos demorando mais que deviam por estar bebendo parecendo que  o mundo iria acabar naquele momento. Sei que as explosões de alegria pelo período são intensos, mas desrespeitar quem estava trabalhando é fogo.
Fora essa falta de elegância, a experiência pra mim foi bem mais aproveitada do que na Europa, não pelas descobertas de um mundo novo, mas pelo calor humano mais intenso, do sorriso gostoso que recebíamos e pela energia de quem realmente tem um coração dentro de si.



Essa temporada pra mim também foi marcada pelas horas extras com o “jantar da meia noite, as delícias do chef”, um oferecimento do chef  nas noites de Gala de despedida. Após meu expediente  normal de 13 h no dia, um dos sous chef sempre me chamava para essa hora extra no Buffet, não sei se me achava com cara de “bestalhado” ou se era o sorriso e a tranquilidade que fazia o nobre cidadão me escolher sempre. Todos os convocados para essa noite faziam o revezamento, mas o único fixo era o bunitoooo aqui.  No inicio não gostava, perdia minhas horas de descanso, perdia as festas no crew bar pela metade e única coisa que ganhava era o direito de chegar uma hora mais tarde na manhã seguinte (boa porra!!!), mas depois fui me acostumando, chegava  na cabine correndo,tomava banho, colocava uma dólmã limpa e a calça branca de gala, perfume e corria para o 9º andar, Lido. Chegando lá ajudava o fim da arrumação e preparava o sorriso, ali esquecia as dores e dos estresses do dia, ouvia os agradecimentos dos hospedes pelo trabalho e ajudava a escolha das melhores sobremesas do dia. Era uma linha só de doces, tortas e quitutes, sempre com bolos gigantes decorados com o tema do cruzeiro, isso durava somente uma hora de serviço e ao final tinha que separar e descer para a refrigeração dos selecionados. Sofrimento.

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