A padroeira dos cozinheiros
Santa Marta - 29 de julho
É também das donas de casa, das empregadas
domésticas e dos hoteleiros. O título não lhe veio por acaso. Vivia em Betânia,
perto de Jerusalém, com seus irmãos Lázaro e Maria – não a Maria Madalena, nem
Maria mãe de Jesus. Sozinha cozinhava e tomava conta da casa. “Estando Jesus em
viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher chamada Marta, o recebeu …
Preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que
minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude”. (Lucas 10, 38-40).
Algum tempo depois adoeceu Lázaro. Suas irmãs pediram para ver o Salvador.
“Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Mas embora tivesse ouvido que ele estava
enfermo, demorou-se dois dias no mesmo lugar” (João 11, 5-6). Quando chegou, já
havia Lázaro sido enterrado. “Lázaro vem para fora. O morto saiu tendo os pés e
as mãos ligados com faixas” (João 11, 43-44). Marta, em agradecimento ao
milagre do irmão ressuscitado, ofereceu uma ceia generosa. Faltavam poucos dias
para a Páscoa. “Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um
dos convivas” (João 12, 2).
Naquela ceia, Marta deve ter
oferecido pratos próprios daquele tempo. Para começar pão, o mais importante
alimento do povo de Deus. Belém (Bet’lehem), cidade da Palestina em que nasceu
Jesus, significa precisamente “casa do pão”. Esse pão, presente em todas as
refeições, nos primeiros tempos era preparado com farinha de trigo (ou cevada)
e legumes secos. Depois vinho. Pão e vinho andaram sempre juntos, pela vida. É
assim até hoje, na comunhão. Em seguida carnes, das quais a preferida era a de
cordeiro. Aves também – codorna, galinha (com seus ovos), ganso, pato, perdiz,
pombo. Peixes, mas apenas para os que moravam nas margens do Mediterrâneo, do
rio Jordão ou dos lagos do Norte. Provavelmente porque, sem as técnicas
modernas de conservação, era difícil transportar alimentos por longas
distâncias. Ervas também, em grande quantidade – aipo, anis, chicória, coentro,
cominho, endro, hissopo, hortelã, mostarda, sálvia, tomilho. Mais legumes –
sobretudo secos, por serem mais fácies de conservar. E arroz – que, além de
acompanhar pratos, era também usado na fabricação de vinho, cerveja e vinagre.
Por fim queijos, feitos com leite de cabra, ovelha e vaca.
No Brasil, ainda nos primeiros tempos
da colonização, protetor dos cozinheiros era Santo Onofre – celebrado em 12 de
junho, véspera de Santo Antonio. Tratava-se de um eremita que vagou por 60 anos
no deserto de Tebaida (Egito), em fins do século IV. Tudo o que se sabe dele
vem de anotações do abade Pafúncio, que o encontrou com “cabelos e barbas que
desciam até o chão, recoberto de pêlos, tal qual um animal, usando tanga de
folhas”. Conta esse abade que ele transformava folhas, sementes e pedras em
pratos deliciosos. E quando lhe faltava comida, “milagrosamente apareciam pão e
água”. Não por acaso, em suas imagens, tem uma coroa a seus pés e está sempre
junto a um anjo trazendo o pão da Eucaristia. Depois Santo Onofre, no posto,
foi substituído por São Benedito – este festejado em 4 de abril. “São Benedito
na cozinha garante fartura”, diz ainda hoje a voz do povo. Ele era filho de
escravos, pastor de ovelhas e lavrador. Depois se tornou franciscano, passando
a vida na Sicília (séc. IV) como cozinheiro e mestre de noviços do Convento dos
Capuchinhos. Com tanto santo protegendo os cozinheiros, recomenda-se ter na
cozinha ao menos uma dessas imagens. Para ter fartura na mesa. E comida sempre
bem feita. Dessas que dão vontade de raspar o prato, exercitando o divino
pecado da gula.
Ainda estou pesquisando para saber sobre essa Ceia. Será que foi Santa Ceia, tenho dúvidas.
Ainda estou pesquisando para saber sobre essa Ceia. Será que foi Santa Ceia, tenho dúvidas.
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