quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Tá chegando o dia de embarque... 2º embarque, mas o que levar ?

A experiência como marujo de 1ª viagem me deixou um pouco mais aliviado ao montar minha próxima mala para o meu novo embarque. Na ultima vez que entrei na internet para pesquisar o que levar para meu embarque vi que as listas me confundiram demais e assim levei muitas roupas desnecessárias, as quais nem usei, senti falta de outras que não levei e matérias de higiene que fez muita falta, então contarei minhas mudanças.
Então, a primeira coisa a ser feita é fazer uma pesquisa sobre os locais ao qual irá passar e fazer uma comparação de sua realidade como por exemplo: eu moro em Salvador e estive na Itália no finalzinho da primavera ao qual faz "frio" e também peguei o friozinho gostoso da Argentina, eu como sou acostumado com "o calor do cão" de Salvador e qualquer chuva na cidade é como se fosse o frio do polo norte (idealização do baiano ao se encasacar em dia de chuva) não imaginava que seria tão frio essa porra de EUROPA, então levei somente um casaco. Ponto negativo... isso não quer dizer que terá que fazer uma mala só de casacos caso embarque na Costa como eu que irei para o norte da Europa... falei isso só como um comparativo.
Segunda coisa: Voltando a nossa realidade de crew e não imaginando que somos Alice no País das Maravilhas, coloque somente roupas usáveis e lembre-se que você não está a passeio e sim a trabalho, 80% do seu dia estará de uniforme, então, bermudas no máximo 3, camisas simples que possam combinar  com tudo, camisetas (temporada brasileira tem muitas praias) e peças de roupas (poucas) para as crew party ou crew bar e também para possíveis over night. Os excessos podem ser desembarcados se você passar por sua cidade ou por parentes em visita a você.
Terceira coisa: como estará trabalhando  o tempo todo, seu tempo de ir a lavanderia será concorrido como vestibular  de medicina na federal e os concorrentes tem o nível bem elevado, o sono e as saídas para conhecer as cidades, então .... recheiem sua mala de peças intimas e meias ( como se diz lá dentro, como arrozzzzz), levei umas 20 cuecas, 5 sungas("apois" "sou um gordinho gostoso" .... e uso sunga sim) e 5 pares de meia, mas não deu conta, primeiro pelo cansaço que impedia lavar na cabine e também  achava terrível a ideia de uma favela com cuecas enfeitando a cabine e foi ai que pedi minha mãe para trazer umas peças e as cuecas que estavam lá em casa (essa parte de trazer o que tem em casa é muito importante, pq achar o estilo que gosto, cueca box, foi difícil na Itália, lá as cuecas são cavadas e pequenas e quando achei paguei muito caro) e mesmo assim tive que comprar mais e também meia que trocava diariamente. Cheguei a contar 57 cuecas, que meus colegas não leiam isso, mas tenho T.O.C. com higiene  e  tomava banho constantemente e as trocas é fundamental.
quarta coisa: Sabonete, escova de dente, creme dental, cotonete, fio dental, creme hidratante ( importante pq a água não é das melhores e resseca a pele muito) e aquilo que você achar necessário e que use mesmo, mas tudo em  quantidade suficiente para 2 semanas para não ocupar muito espaço. Nos portos tem sempre supermercados próximos e isso são fáceis de repor. Já para os alérgicos como eu, indico comprar uns 3 desodorantes de sua preferência, pois possa ser que não encontre no mercado, ainda no Brasil não encontrei o que usava e se não fosse o estoque ficaria sem, até encontrar outro. Ahhhh as laminas de barbear também o mesmo caso, como fazia quase todos os dias a barba, o rosto fica irritado e ter a lamina de qualidade ajuda muito.

Remédios: Eu levei principalmente analgésicos, anti-inflamatório, relaxante muscular, alguma coisa para massagem e Salompas (isso é fundamental para as primeiras semanas para as adaptações aos sapatos e aos pesos). O tal do remédio para enjoo só tome se já tiver tomado em algumas outra situação, prefira não tomar água, comer pão seco ou maça, tomei esse mata leão e trabalhando estava cochilando e no outro dia cheguei 1:30 atrasado e atrasar não é muito legal... sinônimo de Warning se não souber justificar.

Outras coisas: Linha e agulha, parece historinha, mas ter umaaaaa é a salvação quando vc só tem um uniforme limpo e está correndo para voltar a trabalhar  e tá faltando um botão localizado num lugar que deixa-o desconcertado. Máquina de cortar cabelo, se caso souber cortar, mas a cada corredor encontra-se fácil, notebook, se usa muito para passar as milhares fotos q se tira, voltei com um HD EXTERNO, os 5 pendrives não deu conta, sandálias havaianas, é tipo um Nike turbo 2016 5.0, ( kkkkk) todo mundo amaaaaa e ter uma é luxo, ( Mykomos na Grécia, uma normalzinha custa 46 euros),  um tênis confortável e  outro para passear e só.

 Fui com uma mala e voltei com 3 malas, uma mochila e uma bolsa, loucura, pois pra sair de lá tive que refazer minhas malas centenas de vezes e readaptar tudo para não pagar excesso de bagagem, não aconteceu pq estava com um colega que tb voltou pra Salvador no mesmo voo.



Quando você tem a sua escolha de acordo com sua profissão em terra ...

         A maneira que você se posiciona no ambiente de trabalho é seu principal cartão de visita para qualquer trabalho, tanto trabalhando bem ou quanto o mal. O seu comportamento negativo em Navio, apesar de achar que ninguém está vendo sua produtividade, diz que será um profissional de mentiras, sem compromisso e isso interferirá na sua avaliação final, para uma possível troca de posição ou até mesmo para ser bem visto pelos superiores. Já escolhendo o positivo, o profissional é respeitado e admirado e recebe um retorno positivo com o menor tempo.

preparação de molho de tomate
         Como sou profissional da cozinha, cozinheiro, optei em respeitar a minha profissão mesmo sendo um trabalho supostamente temporário e "mal pago"(na função de 3º cozinheiro, mas pelo menos dá para fazer um pé de meia). A vida de cozinheiro é dura em terra, não recompensado monetariamente, fixo somente a cultura local ou mudanças de acordo com o período sazonal, já a vida de cozinheiro a bordo de navio de cruzeiro é duríssima, pois os primeiros desafios são contra o preconceito, adaptação cultural da diversidade de nacionalidades a sua volta e principalmente o preparo para mais de 3000 pessoas todos os dias nas três refeições básicas no minimo, sem falar no trabalho de 13 horas todos os dias sem ter as regras do ministério do trabalho aplicadas.

Chicago round
         Um dos métodos de trabalho  que aplico e todos achavam bem admirado no navio é o P.A. ( Plano de ataque), todos os passos realizados no dia era anotado e seguido a todos os dias referentes as anotações. Tenho um bloco de anotações até hoje de todos os dias da semana, por exemplo: na Quarta-feira, em Mykomos- Grécia, colocar no forno  o rolleé di agnello no forno na temperatura x , tinha 25kg de pêra para descascar, colocar para cozer no vinho tinto e cortar para decoração da carne da noite, também montar o Chicago round e  fazer o molho de tomate para o jantar, isso na parte da manhã.
 Nessa lista de afazeres também contia  porções,  temperatura, duração da cocção, matérias utilizados e detalhamentos dos pratos da estação no almoço e jantar, como acompanhamentos, molho e decoração. Essa "frescura", marginalizado por muitos colegas, foi montado após uma critica do diretor da cozinha quando me perguntou qual o molho acompanhava a carne da minha estação e eu não soube responder, aquilo me deixou incomodado, pois o olhar dele foi de reprovação e depois disso resolvi mudar minha postura anotando todos os procedimentos. A partir dai comecei a montagem dos pratos de apresentação para o Chef  e criticando os pratos das outras estações por está com o molho diferente, textura da cocção da proteína e entre outras coisas.


Ahhhh uma das coisas que fazemos em terra e fazemos mais intensamente a bordo é limpar. Como em toda cozinha a higienização é fundamental e a todo momento a estação é limpa com clorim e água e no fim do serviço limpo com sabão e enxaguada com água quente. Também tem o dia D, General Cleannig, o dia da limpeza geral na cozinha, onde por exemplo eu limpava os frigos removendo as borrachas de pressão, mesmo sem está "suja" visualmente, limpeza das vasilhas de condimentos do frigor (ervas, alhos, extrato de tomate...) e secos( farinhas, açúcar...), todos colocados na maquina de lavar para esterilizar nas altas temperaturas e limpos para uma inspeção no dia seguinte pelo FeB, uma especie de fiscal sanitário de todos os departamentos de alimentos, um profissional extremante critico e chato em relação a qualquer processo ligado ao alimento, muito importante esse papel, porem tem uns "carinhas" que incorporam os pop star "se achando" os perfeitinhos. Essa parte é muito importante pois coloca na realidade de muitos o que é ser um cozinheiro, não só pelo fato de cozinhar e sim pela responsabilidade da higiene e segurança alimentar  ao qual deve se ter perante o serviço realizado, não basta achar que será que um dia será uma ANA MARIA BRAGA ou ALEX ATALA, porque até atras das cameras as pessoas podem encorporar a MARINETE e cair na faxina e virar uma EMPREGUETE.    



       

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Amizade... quase uma irmandade!!!

       Amigos é um dos pontos chaves para quem quer sobreviver essa loucura a bordo. São pessoas que fazem você se sentir mais seguro, confiante e segura na sua mão quando você pensa em desistir, são pessoas que saem para dá um rolé nos portos, vão as compras e aguenta a demora das escolhas, vão a sua cabine quando você está sozinho ou quando vc está doente, realizam as festinhas banhadas de mafias e até chora quando mais se precisa, se tornam parte de sua família.  Fui premiado com amigos que sempre me fizeram feliz.
       Uma das primeiras foi minha Pretinha Linda de São Paulo, Joseli, a Assistant Waitress que todos gostavam pela alegria e ousadia, mexia e falava com todos, saía pela galey tagarelando:  - Allora .... , -Saravanah fala comigo.... o povo tinha ciumes de mim, achavam  até que eramos namorados. A Argentina se tornou pequena para nós.
       Outra que passei a amar, a Thayanna que por sorte da vida acabou sendo minha cabin mete, (mas isso através de mafia que depois falarei), uma fisioterapeuta na cozinha que conhecia todo mundo do navio, uma verdadeira mineira, chegava quietinha e comia pelas beiradas e assim conquistou a todos. Como dividíamos a cabine, os resumos do dia eram temas de nossas conversas no fim da noite, saímos juntos pra trabalhar e todos os lugares estavamos juntos, tipo irmaõs mesmo, até nas linhas de montagem estavamos juntos e sempre conversando e por sinal muitoooooo!!!!! Quando essa criatura foi embora choreiiiiiiiiiiiiiii muitooooooo, todo momento que alguém falava dela uma lagrima caía.
        A Cecília, foi a amizade meteórica, começou rápido e logo foi embora, era uma amizade cabeça, nossas conversas eram mais maduras e o vinculo de amizade se fortaleceu muito até que ela decidiu ir embora por conseguir uma proposta melhor em terra, senti muita falta das saídas em Bari para os caffés, lembro das cervejas de limão que ganhamos e nos divertimos muito nas festas na cabine.
        O Anderson foi um dos meus cabin metes, a amizade começou desde quando chegou e começou as ameaças de sign off. Era todos os dias essa mesma musica até que um dia foi pra valer, elechegou na cozinha com um papel para o chef assinar e cheguei do lado dele e vi que era verdade,corri atras da Thay e tentamos impedir mas não conseguimos foi nesse momento que chorei na frente de todo mundo eram 2 grandes amigos que estavam indo embora no mesmo dia, a Thay e ele, o que deu a partida ao sofrimento. Lembro do dia que estava em brata que todos os cooks foram ajudar a terminar a produção, foi um dos momentos que a amizade se demonstrou com maior intensidade em pró de um amigo. Achei bem bacana ajudar esse chato e ciumento que adoro tanto!!!!
       Outro vinculo forte foi com Thalita, a guerreira que tomei como exemplo na vida, amiga e irmã que foi até o fim comigo. Uma pessoa muito tímida que conquistou todos da cozinha, a assistent que os cook amavam e chamava para passar os pratos na frente de todos, morria de vergonha disso, mas todos insistiam e ela pegava, nunca uma pessoa foi tão querida ao ponto de fazer isso. Estava na linha de Risoto e um cook ao lado perguntava quantas pastas tinham e eu como volante pegava os espaguetes de bolonhesa de uma linha bem distante e dali ela saia com todos os pratos, era uma loucura fazer isso, mas a cozinha parava, kkkkkkkk olha que quem fazia isso não eram paisanos!!!! A todos os momentos estávamos juntos, era na Italia nos lunch off, em Atenas, visitando Acropoli, indo almoçar ou nas compras no shopping do navio e a todo momento um abraço, que fortalecia as energias que precisávamos para trabalhar. Quando eu estava para ir embora fui pedir ao chef para me deixar ficar mais duas semanas para ir junto a ela, mas infelizmente a Cia não permitiu e no dia do meu desembarque choramos muitooo, como se estivemos num velório,  trocamos nossos amuletos de fé e nos separamos com uma missão reservada para o próximo ano: visitar juntos a Basílica de Nossa Senhora em São Paulo, para agradecer as graças alcançadas.
   Pessoas como as assistent, Paloma, Denise, Fabiana, Karolita me presenteava com os abraços diários mais invejado de toda nave , uma troca de energia boa que fazia nossa vida abordo mais tranquila, pq acalmava tudo no nosso coração.  Era tão invejado que  após isso todos os amigos indianos me caçavam na cozinha em busca desse abraço. Eu era uma pessoa bem cotada para esses abraço e se não desse era pego a força pra dá, veja só!!!!
E o abraço dava em todo mundo, acho que quando começou a espalhar o boato do abraço e o povo começou a correr atras de minha, até meu cappo Filipino abria os braços e dizia quando estava estressado: - give me an huggggg!!!!!!!

Fiz amizades com Filipinos e Indianos, com Italianos e Peruanos, mas os marcantes foram o Kamal um indiano de coração maravilhoso e inocente e o Italiano Gianpietro, um irmão que dividimos 6 meses a mesma estação com muitas brigas e muito companheirismo, igualzinho a irmãos de verdade.

A amizade foi minha fortaleza lá dentro e o que permitiu que chegasse até o fim. O engraçado disso tudo que nunca fui de chorar, sempre fui muito frio nas reações mas acho que o confinamento me deixou sensível.




Amooooo meu amigossss !!!!




domingo, 30 de novembro de 2014

Garoto Propaganda da Galley

Ainda na temporada Brasileira, fui escolhido por livre espontânea pressão como o garoto propaganda da cozinha, isso mesmo, passei por um tempo como um dos representante da cozinha nas despedidas no teatro ou nos portões de desembarque dos hospedes.
 Eram escolhidos em cada departamento algumas pessoas para representar nas apresentações e nas despedidas do pessoal que havia estado na nave, assim como no jantar da meia noite da postagem anterior, eram escalados varias pessoas do meu departamento, mas o único a ser o fixo, o bunito aqui. OHHH SORTE!!!!! COMO DIZ UMA AMIGA MINHA.
 Essa historia começou no porto de Santos quando na noite anterior meu nome foi colocado no mural para estar no portão de desembarque, ainda não tinha entendido, mas todos da minha estação estavam rindo de minha cara, por sinal até o cappo ria muito e me ensinava com cara de deboche como teria que fazer, tipo a mãozinha de miss ao ganhar o concurso de beleza. Como  levava tudo na esportiva nem ligava. No dia como não sabia direito onde deveria ir fui pedir "o a secretaria"para me ajudar, descemos e assim que cheguei já estavam todos na posição e começou o momento da carisma, era um sorriso pra cá, um adeuzinho pra lá e nisso fiquei 2 horas fazendo esses movimentos repetitivos. Tirava fotos, ouvia os obrigados pelo serviço e dava muita risada, no fim dessa loucura estava com o maxilar dolorido de tanto sorrir. Isso se repetia de 15 em 15 dias no fim dos cruzeiros e ao sair da temporada Brasileira comecei a fazer também a sessão teatro.
                                                                               
Essa parte era fácil pois durava 5 min e tinha outras pessoas do meu departamento.Eram convocados cinco cook's e um sous chef e algumas vezes um 1º cook, essa apresentação era separada por línguas dos hospedes, onde geralmente eu aparecia nas  espanhol, português e italiano. Era uma reunião para apresentar o ultimo destino e vender os pacotes de turismo e também agradecer pela hospedagem e no final da apresentação colocava os crew para entrar e os primeiros a entrar, imaginem ... os cook's, não para me gabar, mas eram os mais ovacionados, todos em fila indiana, olhando para a plateia e andando para o centro do palco, lá dava o tchauzinho e saia pelo outro lado, morria de vergonha. Toma semana era mesma coisa, mudava a galera e eu ficava, não sabia o porque mais continuava. Depois de um tempo já estava acostumado e quando foi retirado da programação e senti falta dessa fase garoto propaganda.

Somente com o chio chio no portão de desembarque lembro do primeiro Veneza, fim da primavera europeia,quando fui encaminhado para fazer essa representação, acostumado a fazer no calor do Brasil, cai num dia frio do capeta, mas como castigo pra corno é pouco fui. No inicio com o sangue quente ainda balançava a mãozinha com vontade e o sorriso aparecia, mas meia hora depois estava batendo os dentes, uma hora dor nos braços e quase no fim câimbra nos pés. Foi perguntado aos seguranças quantos faltavam descer e foi informado que tinham 1500 a bordo. Não aguentava mais, tudo doía de frio e não chegava o fim, Resumindo fiquei 3 horas nesse chio chio e quando voltei a galley foi xingando a todos e procurando um lugar quente para me esquentar. Depois de um tempo fui retirado da escala porque o cardápio mudou e tive que ficar na galley para prepar, pois era uma prepacação grande e o cappo não permitio mais essas saídas. Foi doloroso essa separação pois era o momento de rir, alimentar o ego e ganhar gorjetas, chorava para o secretário me colocar , mas não adiantava, me senti como um cantor famoso depois de sua decaída dos palcos. kkkkkkkk

Em conversa com um sous chef, ele me disse que era selecionado para isso pq eu tenho o porte de cozinheiro do imaginário dos hospedes , forte, gordo, branco e com a simpatia dos brasileiros com o sorriso. Veja só!!!! ai ai viu!!!!

sábado, 29 de novembro de 2014

Temporada Brasileira



 Bem, essa temporada foi marcada por muito trabalho, (falando assim até parece que tivemos momentos de relax), por descobrimentos  e alegrias. Os colegas mais ”experientes” sempre falavam que  a brata maior era no Brasil e com a chegada na Europa ficaríamos mais relax, pois os cidadãos europeus são “civilizados e pontuais”, o que animava a galera querer chegar logo nesse nível de “good life”.
No Brasil tivemos os pontos negativos muito intensos, pois os hospedes brasileiros comiam muito, repetiam os pratos e não respeitavam os horários de fechamento dos restaurantes isso deixando os assistente em brata e consequentemente  os cozinheiros também essa vibe, resumindo, falta de organização que deixavam todos alem do horário, o que irritava a todos.
No carnaval foi um dos exemplos que nos envergonhou bastante. Com a venda de muitos pacotes com all incluse (inclusão de bebida alcoólica) e com over night no carnaval de Salvador, o número de hospedes mais jovens foi maciço e isso acarretou em quebra de espreguiçadeiras e cadeiras  da área da piscina, desrespeito a tripulação (como pegaram um colega e jogaram dentro  da piscina) e chegar  para jantar pensando que estavam no bar, na beira da piscina, somente de sunga ou extremamente bêbado solicitando os pratos demorando mais que deviam por estar bebendo parecendo que  o mundo iria acabar naquele momento. Sei que as explosões de alegria pelo período são intensos, mas desrespeitar quem estava trabalhando é fogo.
Fora essa falta de elegância, a experiência pra mim foi bem mais aproveitada do que na Europa, não pelas descobertas de um mundo novo, mas pelo calor humano mais intenso, do sorriso gostoso que recebíamos e pela energia de quem realmente tem um coração dentro de si.



Essa temporada pra mim também foi marcada pelas horas extras com o “jantar da meia noite, as delícias do chef”, um oferecimento do chef  nas noites de Gala de despedida. Após meu expediente  normal de 13 h no dia, um dos sous chef sempre me chamava para essa hora extra no Buffet, não sei se me achava com cara de “bestalhado” ou se era o sorriso e a tranquilidade que fazia o nobre cidadão me escolher sempre. Todos os convocados para essa noite faziam o revezamento, mas o único fixo era o bunitoooo aqui.  No inicio não gostava, perdia minhas horas de descanso, perdia as festas no crew bar pela metade e única coisa que ganhava era o direito de chegar uma hora mais tarde na manhã seguinte (boa porra!!!), mas depois fui me acostumando, chegava  na cabine correndo,tomava banho, colocava uma dólmã limpa e a calça branca de gala, perfume e corria para o 9º andar, Lido. Chegando lá ajudava o fim da arrumação e preparava o sorriso, ali esquecia as dores e dos estresses do dia, ouvia os agradecimentos dos hospedes pelo trabalho e ajudava a escolha das melhores sobremesas do dia. Era uma linha só de doces, tortas e quitutes, sempre com bolos gigantes decorados com o tema do cruzeiro, isso durava somente uma hora de serviço e ao final tinha que separar e descer para a refrigeração dos selecionados. Sofrimento.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Argentina, primeiro país das minhas descobertas!


           Buenos Aires na Argentina definitivamente será uma das minhas favoritas cidades perdendo somente para minha amada Mykomos - Grécia. Cidade estilo europeia cheia de casarões e prédios antigos e com um friozinho gostoso que nos fez amar essa cidade. A cada passeio que fazia,  descobria um ambiente novo e lugares pitorescos e sem falar das noitadas que passávamos nessa terra.  



          A primeira vez que sai do navio para passear fui a uma rua chamada de "Calle Florida" , uma enorme avenida no centro da cidade que oferece de tudo, desde loja de perfumes, o que amo frequentar, à lojas de couro, que são bem característicos da cidade pelo frio que predomina. Como não tinha Obamas para gastar nesse cruzeiro, fui somente conhecer a city e o melhor de tudo a pé.





        O passeio rendeu novas amizades e vontade de querer descobrir mais a cidade.  Já a noite com dinheiro devidamente cambiado fui da um role na conhecida Palermo, bairro boêmio e cheio de barzinhos onde por motivo maior de stress com taxista  voltei para o navio e fui dormir.

Em falar nisso, um dos grandes problemas da cidade são os taxistas, em sua maioria acham que estamos nadando em dinheiro. Nessa noite estávamos em 8 pessoas e pegamos 2 taxis, as pessoas que sabiam chegar ao lugar que desejavamos estava no taxi da frente, a todo momento o taxi colado com o nosso e o "hijo da puta" fez questão  de se perder deixando os quarto estressados, tempo pra gente vale ouro e perde-lo é totalmente desagradável, e essa criatura  conseguiu que perdessemos o controle e pedir pra parar. Momento que temos de alivia o cansaço do dia sendo interrompido por um cidadão querendo uns pesos a mais, seria muito mas vantajoso pedir esse trocado de forma honesta ou nos entregar um cartão para uma nova corrida, já que tínhamos que "obrigatoriamente" que voltar para casa de lata. Duas pessoas ficaram na baladinha e eu e uma amiga voltou e fomos dormir. São sinais que nos livra de situações desagradáveis. 

Em uma das outras vezes, chegamos a ir para Palermo e ai comemos muito bem e pagando muito pouco  num restaurante com Wi-fi grátis e fomos para uma boate GLBT famosa na cidade, mas soava o alarme: "only for crew, only for crew", boate fechada quase que exclusiva para os tribulantes da nave. A noite foi regada a Vodka e energético, fechamos a noite às 5h da manhã chegando as 6 e muitos correndo para tomar um banho e começar a trabalhar, lembro que gastei em reais o valor de 50 dilmais. Muito bom!!!!
 




Na minha última ida  nessa cidade rodamos de taxis, passamos na Casa Rosada e descemos no Caminito, bairro paupérrimo tipo Pelourinho, destacados por suas cores e alegria das pessoas dançando Tango nos barzinhos e chamando para visitar as lojas de lembrancinhas.tirei foto com Maradona e o Papa Francisco e chegamos até no famoso estádio da La bombonera, o estadio do Boca Juniors. Nossa! a cidade que nos permitiu uma válvula de escape e agradecíamos pelas diversões que tivemos nela. 






 

Lá vem o pato. Pata aqui, pata acolá

Uma das minhas maiores dificuldades de exercitação do meu buda interior foi o pato, uma das preparações de maior complexidade em relação ao tempo de preparo.

 Após criar uma confiança com o "cappo carrasco"  fui direcionado para a preparação do main course, o prato principal e logo de cara fui prepar o danado do pato no inicio do cruzeiro. Começava na noite anterior indo na butcher, setor dos açougues em especifico no "fish preparation", preparação dos frutos do mar e aves do navio, lá solicitava os box de patos destinados ao cozimento,  normalmente era liberado 200 destes animais. Depois de encher o troller com os box's subia o elevador e levava direto a minha praça, lá colocava em "placas", assadeiras, de dez em dez em ordem e utilizava dois fornos combinados em temperatura média de 150 a 170 ºC com tempo de 55 min, esse processo variava de acordo com o tamanho do animal e tudo feito após o fim do serviço do jantar e da limpeza da estação por volta das 11:30 da noite. Terminado esse processo o forno desligava sozinho no tempo determinado e íamos para nosso descanso e os patos ficavam no forno esfriando em temperatura ambiente até a manhã seguinte. Esse processo todo fazia com um Filipino e um Indiano que compadecia do trabalho que tinha, pois o cappo depois da primeira vez que mostrou o processo nunca mais deu as caras para olhar o executado.

Na manhã seguinte o meu Bom dia já era dado pelos colegas como forma de zoação. A principio olhava o animal e ficava perdido, mas me ensinaram os cortes e a melhor forma de segurar o bicho, técnicas que me deixou craque no corte,  retirava todo o excesso do líquido gorduroso que ficava nas placas(em grande quantidade)  e começava a trabalhar, esse processo durava  a manhã toda, cerca de 4 horas destinadas aos danados. Era cortado em quatro partes de forma simétricas e depois removia 1/4 do nosso aparente. Nesse meio termo o cappo fazia o fundo com as ossadas e mais no inicio da noite o molho de laranja e adicionado ao pato finalizado a cocção e direcionado para a linha de montagem.

Tudo se tornou mais prático depois de um tempo apesar de odiar essa preparação e depois da mudança de praça tudo ficou pior. Já numa praça nova, Roast station, com tudo novo, continuei fazendo o mesmo processo porem com a ajuda de outros colegas, o que me deixou mas tranquilo e menos sobrecarregado, mas como nada a bordo são flores tivemos troca de cappo de novo na estação, chegava para assumir o cargo um Filipino que deu muita dor de cabeça. Era do tipo de profissional "baba ovo" ou pior, inseguro no que fazia, tudo ia com uma amostra para uma aprovação do chef, não é que isso seja desnecessário, mas o cara fazia isso em cada etapa de cocção.

 No caso dos patos ele fazia um processo bem diferente, colocava em baixa temperatura e tempo continuo para o cozimento a noite toda, mas isso não era legal, o bicho não ficava no ponto certo para o corte e por muitas vezes ficava cru e o pior quente o que dificultava o corte e demorava muito mais tempo mesmo tendo 4 pessoas fazendo essa produção e o lembro que da primeira vez começamos 8h da manhã e só terminamos as 16h  porque o retardado colocou para o corte o bicho cru e ainda inventou de cortar cada pedaço de peito em 3 e coxa em 2 deixando uma estética duvidosa perante a apresentação. Falei que esse processo era errado de acordo como eu tinha aprendido anteriormente com o "cappo carrasco" e ouvia que eu era um simples terceiro cozinheiro e tinha que realizar o que ele mandava. A cada facada que dava só pensava no pescoço daquele PH filho da puta, mas graças a Deus o colega conseguiu convence-lo que estava errado e o fdp me escutou, mas nada estava vencido, tinha que tirar da cabeça dele a história de cortar em partes e de deixar de enrolar a placa  com plastico filme, isso mesmo plástico filme, isso só deixava o bicho mais duro que ele já era e totalmente ressecado. Resumindo um retardado.
 Deixamos de começar às 8 e iniciávamos às 6;45, acordava às 6 e isso me incomodava mas terminávamos mais cedo e conseguia descer em Bari para dá um rolé. Estava mas tranquilo quanto a isso mas a criatura inventava arte toda semana, só pra matar de raiva, porem Deus é maravilhoso e o contrato do cidadão terminou e minha felicidade reinou. Os dias de pato se tornaram mas práticos e já com novo cappo consegui  visitar  Santorini, uma cidade que até então não tinha visitado, lógico que começava mais cedo a produção, porém feliz! Uma produção de 4 horas passou para 8h e depois para 2:30, pense na brata resumida quando estamos feliz com o que fazemos.
 O pato tinha como guarnição purê de batata gratinada, repolho roxo refogado no molho de maça e bastonetes de cenoura, molho de laranja e decoração com laranja caramelada. 




terça-feira, 18 de novembro de 2014

Volteiiiiii e com vontade de quero mais!!!!!

Genteeeee, depois de 9 meses confinado no navio, voltei pra casa. A sensação é de liberdade ao mesmo tempo de desespero, liberto das correntes do trabalho e desespero por não saber o que poderei enfrentar nesse regresso.
Fiquei em divida com o blog por muito tempo, pois a vida à bordo não é fácil, muito trabalho, treinamentos semanas, lugares para descer e visitar e muito cansaço não nos permitem dedicar a escrita contando as aventuras.

Resumindo esse contrato posso dizer que amo o que faço, arte na cozinha, odeio amar essa vida abordo e vive e sofri tudo que sempre sonhei para minha vida.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Entre Cebolas e alhos consegui meu espaço

 O trabalho para um 3rd cook numa praça na cozinha é bem reduzido. Descascar alho, cebola, cenoura e entre outros vegetais foi por muitos dias minha função na praça dos molhos, até ai tranquilidade e ate me dava sono de tamanha movimentação que fazia para descascar, mas minha grande dificuldade era o inglês, como era o pequeno nessa história era colocado pra pegar as panelas, chinoá e outros equipamentos para a cocção dos molhos, mas como tudo era falado em inglês o que parecia fácil se tornou  uma dor de cabeça momentâneo, tudo que o que o cappo queria ele fazia mimicas, ali começava os meus medos , porque ele era bem estouradinho e isso poderia ser meu fim, mas parecia que Deus iluminou a cabeça dele e o maluco não estourou comigo, mas encontramos no italiano uma forma de comunicação mais fácil e assim consegui trabalhar uma santa paz.

Comecei a criar confiança no cappo depois que percebi que ele gostava de mandar e ser obedecido, isso seria obvio, mas antes dele mandar  fazer algo aquilo previamente já estaria sido executado, como ele tinha uma preparação básica todos os dias de mirepoux, sal e pimenta do reino em grande quantidade e ossos para preparar os molhos e outras coisas  eu providenciava antes dele chegar e quando chegava ali já estava o que precisava nas mãos.Deixava de calças curtas e assim começou a me olhar de uma outra forma, comecei a mostrar que um brasileiro poderia utilizar uma coisa que muitos ali dentro não usavam, o cérebro.

Outro fato foi o bom humor, nunca fiz cerimônia para sorrir e ate quando ouvia piadinhas de brasileiro de estremo mal gosto, não fechava a cara para ele e os outros colegas e quando o executivo reclamava com ele por ter feito algo de errado, sempre ouvia a versão e concordava com ele, mesmo sabendo que estava errado e colocava-o pra cima fazendo sorrir e conseguia.

Entrada com lagosta para o comandante
Na linha de montagem de pratos  no jantar eu fui colocado na ultima posição, pegava pratos  super quentes  e colocava a primeira parte da guarnição e tinha que ser bem rápido porque a quantidade de pratos para ser liberados eram enormes, cerca de 1000 por sitting na minha linha. Era bem sofrido, prato quente, o colega do lado puxando o prato inacabado e o cappo gritando meu nome para ser mais rápido, mas com o passar do tempo foi criando agilidade  e melhorando na rapidez. No meio do segundo mês como a confiança estava tão boa que era só em olhar para a criatura eu já sabia o que ele queria dizer, tanto que me tirava da linha de montagem no meio da brata para ajuda-lo no rango do COMANDANTE. Ele no meio da cozinha gritava: - Julian ( isso mesmo, Italiano reduz os nomes das pessoas) Julian  vieni qua!!!! ai olhava pra ele e dizia que não podia sair da linha e o cara de pau perguntava quem era que estava mandando. Todos já me olhavam de uma outra maneira, uns com olhar maldoso e outros com admiração, pois fui um maluco que conseguiu conquistar o outro. fiz entradas, pastas, pratos principais e até lanchinhos para o comandante junto com ele. Expêriencia extra para a vida a bordo na cozinha.
Eu nas preparações para o jantar do comandante

Foi a partir dessa confiança que comecei a fazer o main course, o prato principal da estação e era sozinho, uma responsabilidade grande para um 3rd cook. Preparava cordeiro, pato, galinha d'angola, porco e entre outras preparações diariamente e isso ouvindo que estava lento, que deveria ser mais rápido e somente sorria e ironicamente pedia ajuda, mas isso foi bem temporário porque aprendi os macetes dados por ele mesmo e conseguia ser bem mais rápido.





Primeiro momento dentro da main galley



Chegamos os três juntos na cozinha, eu nem sabia dá o nó do scarf,  lenço que se coloca no pescoço para evitar o excesso de suor na dólmã. Logo de frente encontramos para nos recepcionar o Chef executivo e o diretor da cozinha, simpáticos e atenciosos, antes de embarcar tinha lido num blog um depoimento que falava que o chef já no primeiro momento foi muito grosso  e bastante ignorante, assim padronizando o italiano, mas graças a Deus esses chef's foram bem tranquilos. Ficaram olhando pra gente e nos encaminharam para o escritório do chef, antes disso o chefão deu o nó no scarf do meu pescoço e assim sentiu que eu estava assustado com tudo.

 No escritório nos forneceram o manual de higienização e sanitização que deveria ser seguido e os termômetros companheiros  de todos os dias e todos os momentos perdendo somente para o nametag. Estávamos em três e chegou na sala somente dois cappos, um dos novatos foi com o capo do garde manger, outro para pantry e eu fui com o capo salsa (dos molhos),não entendi muito porque dessa escolha, mas fomos para os postos destinados para cada um, seria mas racional um outro direcionamento pois como não tinha experiencia me colocaram numa estação de super responsabilidade  e os outros dois em estações mais fácies de executar o trabalho, sempre me perguntava se isso era um teste se aguentaria tipo BOPE, e depois que descobri que meu capo era o cão ai sim vi que era um teste de resistência,  como exemplo do carisma desse italiano, o ultimo 3rd cook da estação que teria ido embora pq tinha brigado feio com ele  e ate quebrou o celular do dele em mil na cozinha. Será que o Chef olhou para minha cara de assustado e o corpinho gordinho da safra do dia como frágil e não iria aguenta o rojão do italiano? Se foi isso mostrei que ele tava totalmente errado. 

Em resumo : fiquei 9 meses a bordo, sem nenhum warning elogiado por todos e amadureci pra caramba. Um dos meninos foi desembarcado por uso de bebida alcoólica em doses abusivas sem conseguir trabalhar no dia seguinte e o outro desembarcou no mesmo dia que eu, porem com vários warning, porem ele jura que foi aproveitado cada um deles.



Entrega de documentos no Navio

No mesmo dia do embarque fomos encaminhados para o Training room, sala de treinamento, para a entrega de documentos e conferência de certificados e exames exigidos pela Cia para o embarque.  Uma pessoa responsável  por crew nos encaminhou a essa sala e assim começou a conferencia dessa documentação, ate ai tudo tranquilo, já que a agência tinha dado as orientações de não esquecer nenhum documento para o embarque.

O grande drama foi a entrega dos exames médicos, a enfermeira responsável pelo recolhimento não foi das melhores recepcionistas de "welcome on board", brasileira daquelas de encher o saco, tudo questionava quanto aos exames, olhava ponto por ponto, data de validade, assinatura de medico no lugar errado ( isso mesmo, reclamou por essa besteira), levou muito aflição e  a todo momento avisava se estivesse "algo de errado", estaria desembarcando aos irregulares, sei que é método de segurança para eventuais problemas, mas a forma de abordagem não era adequada já que os responsáveis pelos exames não era exatamente agente.Graças a Deus não encontrou nada de errado nos meus exames. também pudera o drama que passei se estivesse algo de errado mataria o povo do laboratório e da agência.

Dia do embarque

No dia 2 de fevereiro, dia de Iemanjá, a mãe dos mares, fui embarcar nessa aventura louca. Na noite anterior já nos preparativos de embarque estava com muito frio na barriga e muito medo, pois ainda tinha a incerteza do que estava fazendo. Eram muitas mudanças de uma única vez  e fazê-las de qualquer forma poderia acarretar um frustamento imenso e sem falar na grande perda dos investimentos colocados nessa nova vida.

 Na hora marcada o taxi chegou à minha casa e assim começou o choro das pessoas queridas. Estavam aqui meu pai e minha mãe, Aline e seu namorado e Selma, amigos que vieram transmitir o carinho  e o apoio para essa jornada. Entrei no taxi e assim dei tchau a vida em terra e pedi as proteções e a benção aos meus pais e a Deus.

Cheguei ao aeroporto com 3 h de antecedência assim como a agencia indicou, bem desnecessário, mas segui as orientações, nada poderia dá errado nos últimos minutos. Fiquei no aguardo e no momento exato embarquei no avião  e fui direto para São Paulo.

Já no aeroporto de Guarulhos, peguei minha mala e fui à procura do agente da Costa, processo rápido  e surpreendeu minhas expectativas, jurava que seria bem mais difícil. No aguardo estava outro cozinheiro e ficamos ali esperando outra pessoa que não chegava e depois de um tempo o agente recebe a informação que a pessoa tinha perdido o avião e assim fomos direto pegar o carro e “descer a serra” (acho que é assim que se fala) precisamente a cidade de Santos, litoral paulista, viagem muito bonita, cerca de 1:30h, mas o cansaço era muito grande, tinha passado a noite em claro e viajar  mesmo que seja em poucas horas cansa.

Já dentro da cidade avistei o navio, mesmo de longe já se mostrava imponente e assustador pelo seu tamanho, na minha memória a única coisa que flutuava em água que tinha andado foi uma lancha pequena  em alguma praia que passei as férias e  a complexidade e tamanho da nave assustava. Desci do carro e o movimento de pessoas também assustava, era dia de desembarque e embarque de hospedes e sem falar dos crew’s  de 3 navios que estavam descendo para seus passeios, ficamos no aguardo de ser chamados  e lá conhecemos mais um cook  e assim completou os três cozinheiros que estavam na lista de embarque . Os outros dois cozinheiros eram formados em gastronomia e um deles já havia até trabalhado no ibero star, resort de  alto padrão e eu um pobre aprendiz de cozinha, cada vez mais aquilo me deixava nervoso e perguntas surgiam na minha cabeça como: o que eu to fazendo aqui ?, será que era o que quero pra minha vida ? , será que vou aguentar o trabalho que me esperava lá dentro? Mas olhei para frente e falei pra mim mesmo que tinha que ser forte e acreditar.